segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

ACUIDADE VISUAL: VISÃO CENTRAL E VISÃO PERFÉRICA (2ª parte)

Mas para além de dar-nos informações espaciais pouco definidas (como que desfocadas), a visão periférica permite-nos também criar ligações erradas entre objectos: ou seja, o nosso sistema visual dá a cor de um objecto à forma de outro lhe adjacente.

Por exemplo, no quadro de Monet “Rue Montorgueil em Paris”, à primeira vista, o nosso sistema visual diz-nos que estamos a ver várias bandeiras de França. No entanto, se analisarmos em maior detalhe, apercebemo-nos que muitas das bandeiras estão apenas representadas por uma pincelada de vermelho, azul ou branco, pois as 3 cores da bandeira nacional Francesa não aparecem adjacentes entre si tal como seria de esperar: a nossa visão periférica tem a capacidade “completar” de  “preencher” a informação em falta, neste caso referente às fixas de cor das bandeiras tricolores.


“A Rua Montorgueil em Paris”- Monet, 1878

A nossa visão periférica regista a nossa primeira impressão de uma cena, regista a memória de um dado evento no tempo.

Mas como escolhemos para onde olhar?
De acordo com o psicólogo russo A. L. Yarbus, a nossa visão periférica tende a “escolher” partes do campo visual que contêm maior contraste, maior detalhe, ou interesses de significado biológico como sejam por exemplo outros seres humanos, e nestes, olhamos principalmentes os olhos humanos.
Este é um facto em todas as culturas humanas: os olhos têm uma grande importância emocional e surgem como o ponto principal de referência de onde se pode obter informação sobre uma pessoa.

Fontes:
"Vision and Art: The Biology of Seeing" - Margaret Livingstone, Abrams, 2002

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

ACUIDADE VISUAL: VISÃO CENTRAL E VISÃO PERFÉRICA (1ª parte)

A nossa visão é bem mais detalhada no centro do olhar do que no resto do nosso campo visual, e é assim porque a fóvea está concebida para vermos com o máximo de acuidade visual: ver com detalhe objectos e texturas.
Pelo contrário, a visão periférica está desenhada para reconhecermos a organização do espaço à nossa volta, para detectarmos a existência de objectos e áreas, que posteriormente, vimos e analizamos com a nossa visão de detalhe.
Embora a fóvea esteja optimizada para o reconhecimento de detalhes, e a visão periférica para informação mais generalista, isto não desvaloriza a importância e significado da visão periférica.
Afinal é graças à visão periférica que podemos ver o sorriso da “Monalisa” de Leonardo da Vinci!

O SORRISO DA MONALISA
Quando olhamos para o quadro a primeira coisa que percepcionamos é o quanto a Monalisa parece viva, e como parece estar constantemente a observar-nos e analizar-nos; sempre que olhamos para ela, ela parece de algum modo diferente. O seu sorriso é tão enigmático que parece umas vezes mostrar tristeza e outras, gracejo; por isso, tantas vezes é chamada de uma obra de arte!

Mas porque vimos o seu sorriso “mudar”?
Se alternarmos o nosso olhar entre a sua boca e o outras partes do quadro (boca-fundo, boca-olhos, boca-mãos etc.), o seu sorriso é percepcionado como mais evidente e alegre se o nosso olhar focar noutra parte do quadro, do que, se focarmos o nosso olhar directamente na só na boca.

Isto demonstra que o seu sorriso não é assim tão misterioso ou enigmático, mas antes, que é percepcionado diferentemente porque diferentes partes do sistema visual são estimuladas, ou seja: o seu sorriso é mais evidente quando usamos a visão periférica do que quando usando a visão central (fóvea, centro do olhar).
Isto porque, a nossa visão periférica funciona como uma primeira impressão do mundo/espaço que nos rodeia, que  apesar nos dar informação não detalhada, dá-nos informação suficientemente detalhada para permitir-nos quase que instintivamente selecionar o que merece (ou não) de ser visto e analizado numa segunda fase e em maior detalhe, e aí recorrendo à zona da fóvea da retina.

Visão periférica | Próximo da visão periférica | Visão com a fóvea


Fontes:
"Vision and Art: The Biology of Seeing" - Margaret Livingstone, Abrams, 2002

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O OLHO E VISÃO DE COR (2ª parte)

No crepúsculo é possível ao ser humano ter as 4 células fotoreceptores activadas simultaneamente: quando a quantidade de luz é suficientemente baixa para tornarem activos os bastonetes, mas não tão baixa que os cones percam a sua actividade, e nestas circunstâncias temos uma percepçao da cor diferente: os azuis tornam-se mais brilhantes e os vermelhos mais escuros.

Em termos fisiológicos, o que se passa é que em fracas condições de luminosidade, os bastonetes porque são mais sensíveis a curtos comprimentos de onda (azuis e verdes), mas insensíveis a longos comprimentos de luz (vermelhos), uma dada quantidade de luz azul parecer-se-á mais brilhante que a mesma quantidade de luz vermelha.
Curvas de resposta a luminosidade: visão diurna versus visão nocturna

Este fenómeno chama-se efeito de Purkinje, em nome do anatomista checo que o descobriu, Jan Evangelista Purkyne, e acontece na transiçao entre a visao diúrna (visão fotópica – quando os cones são mais activos) para visão nocturna (visão escotópica – quando os bastonetes são mais activos): é chamada de visão mesópica.

Em temos de aplicação prática, este tipo de visão é usado por exemplo, em salas de control de submarinos, laboratórios de pesquisa ou estúdios de revelaçao de fotografía a preto e branco, em espaços sempre que iluminados por luzes vermelhas ou usando-se óculos vermelhos.

Exemplos de visão fotópica, visão mesotópica e visão escotópica de um gerânio vermelho.

Fontes:

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

O OLHO E VISÃO DE COR (1ª parte)

O olho humano está equipado para a visão diurna, para acuidade visual em vez de sensibilidade à luz, e isto é consistente com o facto somos seres diurnos equipados para agir no mundo em condições de luminosidade.

Por isso, o olho humano está equipado por células fotoreceptoras especializadas na absorção de determinados comprimentos de luz que são descodificados e posteriormente interpretados pelo cérebro como cor.
Estas células, estão situadas na parte posterior da retina; para chegar às células fotoreceptoras, a luz passa através da pupila, pelo cristalino – lente onde a imagem é focada na retina, atravessa o humor vítreo (líquido existente no olho) e 3 camadas de células neurais (células ganglionares, bipolares e horizontais) que compõem a retina, até chegar à camada das células fotoreceptoras.
Aí, a luz é absorvida, e através de reacções químicas é transformada em sinais neurais, que chegam ao cérebro através do nervo óptico.
A zona de transição entre a retina e o nervo óptico, é chamada de disco óptico ou “ponto cego” porque nesta zona da retina não existem células fotoreceptoras ou de qualquer outro tipo.

Porque somos seres equipados para visão diurna, não pode haver perda de luz; por isso toda a luz que não é absorvida pelas células fotoreceptoras, é absorvida por uma camada de células situadas na parte posterior da retina – as células pigmentadas.

Características principais do Olho Humano

Existem dois tipo de células fotoreceptoras: os bastonetes e os cones.
Os bastonetes – estão equipados para responder em situações de baixa intensidade luminosa como por exemplo à noite, e encontram-se essencialmete na períferia da retina; os cones – são responsáveis pela nossa visão diurna, pela nossa capacidade de ver cor e detalhe, e concentram-se no centro da retina, mais precisamente na fóvea, zona onde só existem células fotoreceptoras cones.

Sabemos que a maioria dos seres humanos tem 3 tipo de cones, e são designados como longo (L), médio (M) e curto (S), ou como cones vermelhos porque mais sensíveis aos longos comprimentos de onda onde se encontram os vermelhos; cones verdes porque mais sensíveis a comprimentos de onda médios onde se encontram os verdes; ou cones azuis porque mais sensíveis a comprimentos de onda curta onde se encontram os azuis.
E apenas com estes 3 cones, conseguimos percepcionar milhões de cores!

Comportamento dos 3 tipos de cones a diferentes comprimentos de onda

Teoricamente, sabe-se que para percepcionar todas as cores do espectro visível seria suficiente apenas a actividade de 2 tipos diferente de fotoreceptores, desde que as suas respostas fossem proporcionais às mudanças de comprimento de onda.

Então porquê 3 tipos de cones?
A resposta pode ser dada em termos evolutivos: porque somos seres diurnos, e para garantir uma maior hipótese de sobrevivência,  o cone vermelho evoluiu a partir do cone verde, permitindo o pico de absorção mais para os vermelhos do espectro, e deste modo oferecendo uma maior acuidade visual diurna.

Sabe-se que com apenas um tipo de fotoreceptor, conseguimos distinguir luz na base do contraste, do brilho (é por isso que com fracas condições de luminosidade vimos a preto e branco pois afinal temos um só tipo de bastonetes!); com 2 tipos fotoreceptores distinguiamos luzes de diferentes comprimentos de onda e luminância, mas não conseguiriamos distinguir certas misturas de cores. É o caso dos daltónicos a quem lhes falta (ou têm uma mutação) em um ou mais cones, geralmente nos cones vermelhos (L - comprimentos de onda longos) ou verdes (M - comprimentos de onda médios).

Sabemos que o Daltonismo é uma questão genética: o gene para os cones vermelhos e verdes está no cromossoma X. Porque as mulheres têm dois cromossomas X e os homens têm apenas, isto significa que, uma mulher com uma mutação num dos cromossomas continua a ter uma visão colorida normal, pois a falha é compensada pelo outro cromossoma X; no entanto, dado que o homem apenas tem um cromossoma X, este ao ter uma mutação do gene, dado que não tem outra cópia do gene passa a ter uma visão da cor diferente. A título de curiosidade, cerca de 10% dos homens têm uma mutação no gene X e menos que 1% das mulheres têm uma mutação dos genes X.
Mutações nos comprimentos de onda curtos são bastante mais raros porque todos os seres humanos têm uma cópia do gene dos cones azuis; no entanto, as pessoas que têm este tipo de daltonismo, têm dificuldade em distinguir azuis de verdes amarelados.

Visão Normal  |  Daltonismo (vermelho/verde)

Visão Normal  |  Daltonismo (vermelho/verde)  |  Daltonismo (azul/amarelo)


Fontes:
"Vision and Art: The Biology of Seeing" - Margaret Livingstone, Abrams, 2002

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A SENSAÇÃO DE COR ESTÁ NO CEREBRO (4ª parte)

Segundo o neurologista V.S. Ramachandran a condição de Sinestésia tem 7 vezes mais probalilidades de ocorrer em pessoas criativas do que na maioria da população, e para ele, esta característica pode ser responsável pela capacidade humana de criatividade e metáfora.

Se a capacidade de abstração, de fazer a ligações conceptuais a partir de percepções é inerente à condição humana, penetrando em todas as formas de conhecimento sejam elas expressas através de números, música, pintura, palavras, ou outra, a sinestesia parece leva esta capacidade de abstração mais além.
E a parte do cérebro que parece ter um papel fundamental nesta condição, é a região onde a informação dos vários sentidos aparentemente fluem em conjunto de modo a permitir a construção de percepções mais elaboradas.

Se Ramachandran está correcto, então criatividade, e consequentemente a arte, é mais do que uma simples capacidade acima da média para a abstração de estabelecer ligações entre entidades perceptualmente separadas mas antes, a incrível capacidade de pegar em algo em bruto e construir algo maior do que a soma das partes.

Nota-se que a maioria das pessoas a quem foi diagnostica Sinestesia, olha para a sua experiência de sinestésico como um “dom”, um 6º sentido escondido, que de modo algum gostariam de perder.

ARTISTAS SINESTÉSICOS
O pintor David Hockney percepciona música como cor, forma e configuração, e usa estas percepções quando pinta para cenários de opera, mas não para as suas obras de arte.

"The Road to York through Sledmere", 1997

O pintor Wassily Kandinsky combinava os 4 sentidos; cor, ouvir toque cheiro, e nos seus quadros a imagem tinha música.
"Yellow, Red, Blue", 1925

O escritor Vladimir Nabokov, na sua autobiografia “Speak, Memory”, descreve em detalhe a sua condição de sinestesia de “letras coloridas”, chegando a retrata-la em algumas das suas personagens.

O físico Richard Feynman, na sua autobiografia “What Do You Care What Other People Think?”, descreve as suas equações coloridas (alfabeto colorido).

Os compositores Duke Ellington, Franz Liszt, Nikolai Rimsky-Korsakov.
O compositor Olivier Messiaen criou especificamente um método de composição que lhe permitia materializar nas estruturas dos refrões musicais a sua sinestesia de som-cor.

A arte decerto enriqueceu com as experiências de percepções de artistas sinestésicos: ao contribuir para a divulgação da condição de Sinestesia, apresentou-a também como fonte de inspiração na construção de outros modos de percepção multisensorial do mundo que nos rodeia.

Fontes:
http://en.wikipedia.org/wiki/Synesthesia
http://luckycloud.wordpress.com/2007/12/29/nabokovs-alphabet-in-color-synaesthetes-and-the-human/
http://www.scientificamerican.com/article.cfm?id=0003014B-9D06-1E8F-8EA5809EC5880000

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

A SENSAÇÃO DE COR ESTÁ NO CÉREBRO (3ª parte)

Imagine-se que os nossos sentidos misturavam-se; que ver não era só ver e que ouvir não era apenas ouvir. Ver, ouvir, saborear, tocar ou cheirar, qualquer de uma destas sensações ilicitamente activava outras. Pois bem, alguns de nós têm essa capacidade naturalmente, e sem qualquer tipo de esforço intelectual.
Está tudo no nosso cérebro: “the ghost in the machine!”

Sinestésicos (as pessoas com a condição de Sinestésia) percepcionam o mundo de um modo diferente da maioria: a música e letras podem ser colorida, letras e números podem ser masculinas ou femininas e terem personalidade, e formas podem ter gosto.
Está provado que Sinestésia não é um produto da imaginação mas antes o resultado de actividade neural no cérebro resultante de uma questão genética (como é herdada não se sabe), com maior insidência no sexo feminino (6:1) e não se trata apenas de re-organização de ligações neurais.

Em bébes, as nossas áreas de especialização do cérebro ainda não estão definidas, e por isso experienciamos o mundo como uma experiência multi-sensorial, mas à medida que o nosso cérebro vai-se desenvolvendo, a informação passa a ser escrutinada e categorizada, criando-se áreas de especialização para cada um dos nossos sentidos.

Exemplos de Sinestésia
  • GRAFEMA g COR – Letras do alfabeto e/ou números individuais são percepcionados como inerentemente coloridos. Por exemplo a letra "A" geralmente é vista como vermelha.
  • SOM g COR – Som, voz ou música, é visto como “fogo de artifício”; por exemplo, os sons à nossa volta, como o ladrar de um cão, estimulam a visão de cores e objectos em movimento, os quais mudam a sua saturação e brilho bem como direcção de movimento.
  • FORMAS COM NÚMEROS – Pessoas que ao pensarem em números, desenham mentalmente mapas com números.
  • Áreas do cerebro especializadas em numeros e espaciais estão envolvidas.
  • PERSONIFICAÇÃO – A frases comuns, e sequências de números são associados características  de personalidade (honesto, alto, graciosa, preocupado, responsável, calmo, etc.).
  • LÉXICO g PALADAR – Palavras e fonemas da linguagem evocam sabores no paladar.
Exemplo de como alguém com a condição de Sinestesia pode percepcionar algumas letras e números.

Acredita-se que existem cerca de 60 possíveis combinações de sinestesia embora nem todas tenham sido objecto de estudo. A mais estudada é a de “sons coloridos”, talvez porque a mais recorrente. Estatísticamente sabe-se que cerca de 1 em cada 23 individuos têm algum tipo de sinestesia; 1 em cada 90 vê grafemas coloridos em que os mais comuns são os “dias da semana coloridos” e “letras coloridos”.

Este interesse por “sons coloridos” remonta à antiguidade grega, quando filósofos perguntavam se a cor da música poderia ser uma qualidade quantitativa. Newton e  Goethe acreditavam que tons musicais e tons coloridos partilhavam frequências. Embora hoje saiba-se que este conceito é falso, culturalmente foi uma ideia presente na arte ao longo de séculos.

Fontes:
http://en.wikipedia.org/wiki/Synesthesia

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A SENSAÇÃO DE COR ESTÁ NO CÉREBRO (2ª parte)

Fisiologicamente, o cerebro é composto por 2 hemisférios simétricos entre si e unidos pelo chamado corpo caloso que funciona como uma ponte entre ambos os hemisférios, passando informação de um para o outro: o hemisfério esquerdo recebe e envia informação para o lado direito do corpo, e o hemisfério direito recebe e envia informação para o lado esquerdo do corpo.

Cada hemisfério do cérebro está dividido em 4 lóbulos:
  • Lóbulo occipital – Situado na parte posterior do cerebro, é a zona responsável pelo processamento de informação visual;
  • Lóbulo parietal – que lida essencialmete com funções ligadas a movimento, orientação, calculo e certo tipo de reconhecimento;
  • Lóbulo temporal – que lida com som, compreensão da fala (isto apenas no hemisferio esquerdo), e alguns aspectos da memória;
  • Lóbulo frontal – que lida com funções de integração como seja, pensamento, conceptualização e planeamento. Esta região parece estar relacionada, não com instintos de sobrevivência mas antes, com aspectos sofisticados da nossa mente, ou seja a essência da nossa personalidade e como reagimos enquanto indivíduos ao mundo. Em termos evolutivos, esta área demonstrou um crescimento maior na evoluçao dos mamíferos; cerca de 29%, na espécie humana.
  • Sistema límbico – situado por debaixo do corpo caloso, é responsável por reações de funcionamento mais básicas como sejam emoções, apetites e necessidades que nos ajudam a sobreviver;
  • Cerebelo – situado na parte de trás do cérebro e em baixo, é responsável por ligar informação sensorial com movimento motor sem recorrer a pensamento consciente. Em termos evolutivos o cerebelo é mais ancestral na evolução do cerebro humano, chamado de “cérebro pequeno” e o primeiro cerebro.


Fontes:
“The Human Brain – A Guided Tour” – Susan Greenfield, Weidenfeld & Nicolson, 1997

A SENSAÇÃO DE COR ESTÁ NO CÉREBRO (1º parte)

Dentro do muito que ainda há para saber sobre o funcionamento do nosso cérebro, sabe-se que esta matéria rugosa e cinzenta com cerca de 1.3kg, com a forma de uma noz e composta por cerca de 100 biliões de células, é responsavel pela percepção física e conceptual que temos do mundo que nos rodeia.
Por isso podemos dizer que, se vimos o mundo à nossa volta a cores, a cor está no nosso cérebro.

Sabemos que existe uma relação entre o cérebro, matéria física e a mente; o seu estudo, ainda que em fase embrionária, começa a dar os seus frutos. Sabemos que o cérebro humano é composto por várias áreas (módulos) com funções específicas para transformar som em fala, para processar cor, para registar medo, para reconhecer uma cara, etc., mas sabemos também, que apesar desta especificidade, assume a função de outra, mostrando que as suas funções não estão assim tão rigidamente fixadas.

Sabemos também que estes módulos são interdependentes e interagem entre si.
O objectivo último é ligar tudo num sistema dinâmico, altamente especializado que faz milhares de coisas diferentes ao mesmo tempo e tão complexo que talvez nunca se venha a compreendar na sua totalidade.

Fontes:
“Mapping the Mind” – Rita Carter, Weidenfeld & Nicolson, 1988