quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

ACUIDADE VISUAL: VISÃO CENTRAL E VISÃO PERFÉRICA (1ª parte)

A nossa visão é bem mais detalhada no centro do olhar do que no resto do nosso campo visual, e é assim porque a fóvea está concebida para vermos com o máximo de acuidade visual: ver com detalhe objectos e texturas.
Pelo contrário, a visão periférica está desenhada para reconhecermos a organização do espaço à nossa volta, para detectarmos a existência de objectos e áreas, que posteriormente, vimos e analizamos com a nossa visão de detalhe.
Embora a fóvea esteja optimizada para o reconhecimento de detalhes, e a visão periférica para informação mais generalista, isto não desvaloriza a importância e significado da visão periférica.
Afinal é graças à visão periférica que podemos ver o sorriso da “Monalisa” de Leonardo da Vinci!

O SORRISO DA MONALISA
Quando olhamos para o quadro a primeira coisa que percepcionamos é o quanto a Monalisa parece viva, e como parece estar constantemente a observar-nos e analizar-nos; sempre que olhamos para ela, ela parece de algum modo diferente. O seu sorriso é tão enigmático que parece umas vezes mostrar tristeza e outras, gracejo; por isso, tantas vezes é chamada de uma obra de arte!

Mas porque vimos o seu sorriso “mudar”?
Se alternarmos o nosso olhar entre a sua boca e o outras partes do quadro (boca-fundo, boca-olhos, boca-mãos etc.), o seu sorriso é percepcionado como mais evidente e alegre se o nosso olhar focar noutra parte do quadro, do que, se focarmos o nosso olhar directamente na só na boca.

Isto demonstra que o seu sorriso não é assim tão misterioso ou enigmático, mas antes, que é percepcionado diferentemente porque diferentes partes do sistema visual são estimuladas, ou seja: o seu sorriso é mais evidente quando usamos a visão periférica do que quando usando a visão central (fóvea, centro do olhar).
Isto porque, a nossa visão periférica funciona como uma primeira impressão do mundo/espaço que nos rodeia, que  apesar nos dar informação não detalhada, dá-nos informação suficientemente detalhada para permitir-nos quase que instintivamente selecionar o que merece (ou não) de ser visto e analizado numa segunda fase e em maior detalhe, e aí recorrendo à zona da fóvea da retina.

Visão periférica | Próximo da visão periférica | Visão com a fóvea


Fontes:
"Vision and Art: The Biology of Seeing" - Margaret Livingstone, Abrams, 2002