quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A SENSAÇÃO DE COR ESTÁ NO CEREBRO (4ª parte)

Segundo o neurologista V.S. Ramachandran a condição de Sinestésia tem 7 vezes mais probalilidades de ocorrer em pessoas criativas do que na maioria da população, e para ele, esta característica pode ser responsável pela capacidade humana de criatividade e metáfora.

Se a capacidade de abstração, de fazer a ligações conceptuais a partir de percepções é inerente à condição humana, penetrando em todas as formas de conhecimento sejam elas expressas através de números, música, pintura, palavras, ou outra, a sinestesia parece leva esta capacidade de abstração mais além.
E a parte do cérebro que parece ter um papel fundamental nesta condição, é a região onde a informação dos vários sentidos aparentemente fluem em conjunto de modo a permitir a construção de percepções mais elaboradas.

Se Ramachandran está correcto, então criatividade, e consequentemente a arte, é mais do que uma simples capacidade acima da média para a abstração de estabelecer ligações entre entidades perceptualmente separadas mas antes, a incrível capacidade de pegar em algo em bruto e construir algo maior do que a soma das partes.

Nota-se que a maioria das pessoas a quem foi diagnostica Sinestesia, olha para a sua experiência de sinestésico como um “dom”, um 6º sentido escondido, que de modo algum gostariam de perder.

ARTISTAS SINESTÉSICOS
O pintor David Hockney percepciona música como cor, forma e configuração, e usa estas percepções quando pinta para cenários de opera, mas não para as suas obras de arte.

"The Road to York through Sledmere", 1997

O pintor Wassily Kandinsky combinava os 4 sentidos; cor, ouvir toque cheiro, e nos seus quadros a imagem tinha música.
"Yellow, Red, Blue", 1925

O escritor Vladimir Nabokov, na sua autobiografia “Speak, Memory”, descreve em detalhe a sua condição de sinestesia de “letras coloridas”, chegando a retrata-la em algumas das suas personagens.

O físico Richard Feynman, na sua autobiografia “What Do You Care What Other People Think?”, descreve as suas equações coloridas (alfabeto colorido).

Os compositores Duke Ellington, Franz Liszt, Nikolai Rimsky-Korsakov.
O compositor Olivier Messiaen criou especificamente um método de composição que lhe permitia materializar nas estruturas dos refrões musicais a sua sinestesia de som-cor.

A arte decerto enriqueceu com as experiências de percepções de artistas sinestésicos: ao contribuir para a divulgação da condição de Sinestesia, apresentou-a também como fonte de inspiração na construção de outros modos de percepção multisensorial do mundo que nos rodeia.

Fontes:
http://en.wikipedia.org/wiki/Synesthesia
http://luckycloud.wordpress.com/2007/12/29/nabokovs-alphabet-in-color-synaesthetes-and-the-human/
http://www.scientificamerican.com/article.cfm?id=0003014B-9D06-1E8F-8EA5809EC5880000