quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O CÉREBRO E PROCESSAMENTO DE INFORMAÇÃO VISUAL: CONTRASTE E COR (2ª parte)

Porque muito sensível a pequenas diferenças de brilho, é também o sistema “ONDE” que nos permite identificar ter uma percepção de tridimensionalidade ao diferenciarmos zonas de luz e sombra reflectidas pela superfície de um objecto.

Como é que o nosso sistema visual percepciona grandes variações de luminância?
Sabemos que as células do nosso sistema visual são mais sensíveis a bruscas mudanças de luz do que a mudanças graduais de luz: detectamos o ponto mais brilhante e o ponto mais escuro no meio-ambiente e a partir daí o nosso sitema codifica variações lúminicas.

O artista Rembrandt era exímio na técnica de combinar mudanças bruscas e mudanças graduais de luz, criando uma aparência de mudanças lúminicas irreais.


“Filósofo em Meditação”, 1632

Associado à tridimensionalidade está a percepção de profundidade. É também através do contraste lumínico obtemos a percepção de profundidade, independentemente da cores dos objectos.

Um exemplo disto é o quadro de Matisse “Mulher com chapéu”. Matisse fez a espantosa descoberta que a tridimensionalidade da forma mantêm-se independentemente da cor, desde que a relação de contraste de luminância seja a correcta.
No quadro “ Mulher com chapéu”, o rosto da mulher é tratado com cores invulgares; decerto que é difícil imaginar uma fonte de iluminação que provoque tais tonalidade no rosto. No entanto, ao olharmos para ele não deixamos de sentir intuitivamente tridimensionalidade, e isto acontece porque, apesar do bocados de cores invulgares usados, a relação relativa de luz/sombra correcta foi utilizada para representar os planos e sombras do rosto.

“Mulher com chapéu”, 1905


Fontes:
"Vision and Art: The Biology of Seeing" - Margaret Livingstone, Abrams, 2002

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